sábado, 28 de janeiro de 2017

Orphans ... why?


"orfão" observado em 29.07.2016


Porque existem tantas aves órfãs?


A anilhagem científica de gaivotas é um método de investigação que se baseia em marcar as aves para estudar o seu comportamento. Consiste na marcação individual destas com um pequeno anel de metal na tíbia ou tarso da ave (geralmente em liga de alumínio) onde está gravada a identificação do Centro emissor, País e numero de matricula.

As anilhas plásticas coloridas com inscrição de um código individual, são marcadores auxiliares que permitem a identificação em campo sem necessidade de capturar a ave. Este sistema de leitura à distância ajuda a acompanhar os movimentos do pássaro e sua história de vida.
As anilhas podem ser comparadas ao chip que se introduz nos cães. São o Bilhete de Identidade das aves e fazem a ponte entre o animal e toda a informação que a ele está associado.


Qualquer registo de uma ave anilhada, obtido através da leitura destas anilhas poderá fornecer muitos dados acerca da vida dessa ave que são fundamentais para o estudo que permite elucidar aspectos da biologia das aves, nomeadamente os seus padrões migratórios, distribuição geográfica, longevidade, mortalidade, composição populacional, morfologia, comportamento alimentar e outros aspectos que serão estudados por ornitólogos.

As aves migradoras deslocam-se livremente através das fronteiras políticas de vários países, e são por isso consideradas património colectivo da comunidade internacional, daí que a cooperação internacional seja essencial para o seu estudo.
A EURING  é a organização que assegura esta cooperação para todos os aspectos da navegação científica de pássaros na Europa. A EURING foi fundada em 1963, com o objectivo declarado de organizar e normalizar a nível europeu a anilhagem científica das aves.

A anilhagem de aves está sujeita ao cumprimento de leis, que variam de país para país, mas geralmente qualquer pessoa está habilitada a participar nos esforços de anilhagem, desde que tenha recebido formação adequada e possua autorização legal para tal.

Tudo isto vem a propósito de eu não compreender como é possível existirem tantos “projectos” de anilhagem em Espanha que, penso eu, foram gerados com o propósito de estudar a informação sobre as aves anilhadas, mas que, passado algum tempo, como que desaparecem do mapa, deixando todas as aves “órfãs” e uma quantidade enorme de informação perdida.
Confesso que quando observo uma ave destes “projectos” me sinto como se estivesse a despejar água para um copo sem fundo…

Não seria justo eu não referir que, por todo o território espanhol, existem Grupos de Anilhamento que, de forma voluntária e entusiasmada, exercem trabalhos notáveis de dedicação e profissionalismo e são exemplos positivos da forma como este assunto deve ser tratado.


Mas, como diz o povo “no bom pano cai a nódoa” lamento informar que estas são as anilhas de “projectos” espanhóis com aves órfãs. Cada anilha pertence a um projecto diferente. (*)



(*) Ressalvo a hipótese, improvável, de existir aqui alguma anilha que pertença a um projecto mal identificado por mim.

P.S. - Após publicação desta mensagem recebi comunicação de colegas espanhóis que directa ou indirectamente me vão facultar informação sobre as anilhas aqui "mascaradas".


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