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domingo, 23 de outubro de 2016

Seagulls on land (4)

Gaivotas em terra (4)

À medida que vamos entrando no Inverno, começamos a ser visitados por espécies que, normalmente, apenas são observadas nesta época do ano e algumas delas com tal raridade que a sua observação deve ser comunicada e homologada pelo Comité Português de Raridades, como é o caso da Larus argentatus que aqui apresento.
Facto curioso também este ano é o aumento de leituras (nos meus registos) de juvenis Larus fuscus intermedius, todos originários da Noruega.

Hoje venho partilhar fotos das aves observadas na Praia de Matosinhos no passado dia 14.

Larus argentatus (Gaivota-prateada)
Embora seja uma espécie com ampla distribuição no Norte da Europa, em Portugal a sua observação é escassa e tem mesmo o estatuto de raridade. Semelhante á Gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis) distingue-se das outras espécies pela grande dimensão, pela cor cinzenta pálida das partes superiores e pernas côr-de-rosa.
Estatuto em Portugal: Acidental 


Larus marinus (Gaivotão-real)
Geralmente constrói o ninho isolado ou em pequenas colónias no Norte da Europa em locais ocultos de ilhas rochosas ao longo da costa.
Por se tratar de uma espécie sedentária só esporadicamente é observado no Norte de Portugal
Estatuto em Portugal: Invernante, Pouco comum 


Larus fuscus (Gaivota-d'asa-escura)
Reproduz-se em colónias dispersas ao longo da costa ou em lagos. Migradora de longa distância no Norte e Este da Europa, atravessa o continente até chegar a África. Migradora de curta distância no Oeste da Europa.
Estatuto em Portugal: Invernante e Migrante de passagem, Muito abundante
Anilha: P[Y250]
Origem: Islândia











Larus fuscus intermedius (Gaivota-d'asa-escura-intermedius)
Reproduzem-se no Sodueste da Escandinávia. Geralmente invernam na zona Oeste europeia e africana.
Têm as partes superiores em tom de cinzento quase preto, muitas vezes evidenciando um contraste para as pontas das asas pretas.
Estatuto em Portugal: Invernante e Migrante de passagem, Pouco comum

Anilhas:    N[J297E] ; N[J608R] e N[JAU71]
Origem: Noruega



Larus michahellis (Gaivota-de-patas-amarelas)
Expandiu-se ao longo da costa atlântica francesa e pelo interior da Europa Central. Sedentária, é residente em toda a Península Ibérica onde ocorre com vincada abundância.
Estatuto em Portugal: Residente, Muito abundante
Anilha:  Y[XDA] 
Origem: Portugal

N[AN1F]

Larus michahellis lusitanius(Gaivota-de-patas-amarelas-lusitanius)
Subespécie reconhecida como reprodutora na Península Ibérica da costa atlântica a sudoeste da Baía de Biscaia (País Basco) para Portugal. As “lusitanicus” tendem a ser mais pequenas e a ter menor extensão de preto na ponta das asas.
Estatuto em Portugal: Residente
Anilha: N[AN1F]
Origem: Asturias (Espanha)


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quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Larus michahellis - longevity record!



Há dias atrás observei em Matosinhos uma gaivota Larus michahellis com uma anilha muito desgastada.
Percebia-se que se tratava de uma anilha amarela com o código a preto. Mas, de tal modo era difícil a leitura que só quando estava a preparar as fotos, com a ajuda da ampliação é que consegui ler de forma inequívoca a anilha.

A anilha amarela com o código-alfa “DVU”, dizia-me tratar-se de uma ave anilhada em Portugal pertencendo o um projecto iniciado em 1995 nas Berlengas.
Comuniquei as observações ao Centro responsável (CEMPA/ICNF) pela anilhagem e recebi a habitual life-history da ave, que passo a descrever:
- Anilha colorida - DVU
- Anilha metálica – CEMPA 19678
- Gaivota anilhada ainda pinto em 16.07.1997 no Arquipélago das Berlengas - Peniche - Portugal
- Observações desta ave:
04.10.1997 – Matosinhos, Portugal – Fred Cottaar/Kees & José Verbeek
31.08.1998 – Matosinhos, Portugal – Peter Rock
09.11.2006 – Peniche, Leiria, Portugal – H.J.P.Vercruijsse
06.10.2016 - Matosinhos Beach, Matosinhos, Portugal – José Marques
10.10.2016 - Leixões harbour, Matosinhos, Portugal – José Marques
Assim, foi com alguma admiração que verifiquei tratar-se de um individuo com mais de 19 anos.
Por sugestão do Nuno Oliveira (Marine Conservation OfficerSPEA) registei esta ave na EURING-Longevity list.
Foi com alguma surpresa e alegria que recebi a confirmação da Euring que se trata do record de longevidade registado para uma Larus michahellis.
Claro que a minha alegria é por ser uma observação em Portugal e de uma ave portuguesa.
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Agradecimento:
- a Lurdes Morais (ICNF)
- a Nuno Oliveira (SPEA)


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Scotland Gulls (1)


Gaivotas da Escócia


Larus fuscus


Lesser Black-backed Gull | Goéland brun |Gaviota sombria | Gaivota-d'asa-escura 

O[009:F]

Com o objectivo de determinar se as gaivotas nascidas na Escócia continuam a invernar na Península Ibérica ou se pelo contrário, ficam hospedadas no Reino Unido, no passado dia 5 de Julho foram anilhadas 100 pintos de gaivotas da espécie Larus fuscus pelo Lothian Ringing Group.
Esta operação foi realizada próximo da capital da Escócia, Edimburgo, em Inchcolm uma pequena ilha no estuário do Rio Forth que desagua no Mar do Norte.
O[025:F]
O resultado parece comprovar que as aves nascidas no território escocês continuam a vir invernar na Península Ibérica porque recentemente foram registadas 8 aves no Continente. Na Galiza (Norte de Espanha) 2 indivíduos e o restante em Portugal. Em Matosinhos foram observadas 4 aves [Armando Mota (1) e José Marques (3)].
O[061:F]
O Código alfa-numérico da anilha laranja é composto por um grupo de 3 algarismo seguidos de dois pontos (:) e a letra F (de Forth).
O[097:F]

O[097:F]
Agradecimento:
- A John Davies pela informação disponibilizada.

Inchcolm > Matosinhos = 1697 kms

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terça-feira, 11 de outubro de 2016

Aragon (Spain) Gulls

Gaivotas de Aragão


Larus michahellis

Yellow legged gull | Gaviota patiamarilla | Gaivota-de-patas-amarelas


- Anilha - W[N:4MC]
- Anilhadores - Grupo Aragón de Anillamiento 
- Idade quando anilhada: Pinto (anilhado no ninho)
- Data da anilhagem – 18/05/2016
- Distância entre Saragoça e Matosinhos - 653 kms (em linha recta)


Embora muito jovem, esta ave tem já uma história de vida muito interessante.
Esta ave foi anilhada em 18 de Maio deste ano pelo Grupo Aragón de Anillamiento Científico de Aves no telhado de um edifício na zona da Expo.2008 na cidade de Saragoça
No dia 6 de Junho, saltou do telhado e foi recolhido pela Unidade Verde de Zaragoza que o devolveu á colónia.
Pois, passados quatro dias, andava a vaguear e foi dirigida para uma das margens do Rio Ebro para junto da colónia de gaivotas lá existente e depois nunca mais foi observado.
No passado dia 26 de Setembro observei esta jovem na Docapesca do Porto de Leixões, disputando uma sardinha, não se notando qualquer consequência da “queda” do telhado.


O projecto de seguimento e anilhagem de gaivotas na cidade de Saragoça é uma proposta dirigida pela Área de Medio Ambiente y Sostenibilidad del Ayuntamientos de Zaragoza,  dentro dos trabalhos incluídos no projecto Life Zaragoza Natural e iniciou-se em 2015 com a anilhagem de 10 aves.
Até hoje, registei em Matosinhos 2 indivíduos nascidos em 2015 e este agora nascido em 2016.

Saragoça > Matosinhos = 653 kms

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Agradecimento:
 - A Carlos Pérez Laborda (Coordenador do Projecto de Anilhagem de Gaivotas em Saragoça) pela informação do Histórico desta ave.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Iceland Gulls (3)

Gaivotas da Islândia (3)

P[Y250]-3ª Observação-22.09.2015

Após uma longa ausência, estou de regresso ao convívio dos meus amigos “blogueiros”.
O meu regresso coincide com a época do ano em que começamos a receber em Portugal as aves provenientes do Norte da Europa que aqui vêm invernar ou estão de passagem para África.
A propósito do fenómeno migratório das aves, verifica-se que as primeiras gaivotas provenientes do Norte da Europa que observamos no inicio do período migratório são aves juvenis e muitas delas no seu primeiro ano de vida. Após a época de criação, é mais vulgar a observação de aves adultas.
Na minha casa na Serra da Lousã assisto todos os anos a um espectáculo muito interessante.
No inicio do mês de Outubro, durante alguns dias, concentram-se centenas de andorinhas que se amontoam nas árvores mais altas e nos cabos eléctricos. Depois, um dia de manhã levanto-me e já não há andorinhas, só na próxima Primavera.
Ora, verifica-se aqui um diferença curiosa. As andorinhas migram em bando e as aves juvenis “aprendem” com as adultas a rota migratórias utilizada até ao local onde invernam, ao passo que as gaivotas ainda juvenis não precisam de companhia para se dirigem para o local de invernada comportando-se como se já estivesse gravada no seu gene a rota a percorrer.

Vem a propósito a minha observação, pelo segundo ano, desta gaivota originária da Islândia que percorre mais de 2700 kms (em linha recta) para invernar na costa portuguesa.

P[Y250]-7ª Observação-16.09.2016
Larus fuscus (Adulta)
- Anilha - P[Y.250]
- Anilhador - Gunnar Þ. Hallgrímsson
- Idade quando anilhada: 4. yr+
- Data e local da anilhagem – 18.05.2007 – Sandgerði, Gull, Iceland 

Quadro de observações anuais
ANO
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
*
2007




Ring



1

4

6
2008










2

2
2009








1



1
2010








1



1
2011








1
1
1

3
2012







1
1



2
2013









1
3
2
6
2014









1

1
2
2015






1

6
4
1
1
13
2016








1



1

Observações na Islândia

Observações em Portugal

* Numero de observações anuais registadas

Observadores:
Em Portugal:
Peter Rock; Harry Vercruijsse; Malcom Millais; Rob Voesten & Stef Waasdorp; Tim van Nus; José Vidal; Paul Veron; Inocêncio Oliveira; Armando Mota; Naomi Huig;Michael Southcott; Bernd Hälterlein; Hugo Albuquerque; José Marques.
Na Islândia:
Gunnar Thor Hallgrimsson; Ruth Zohlen

Curiosidades migratórias:
- Esta ave tem sido observada, todos os anos, no Outono/Inverno em Portugal. Apesar de  não haver registo depois do mês de Dezembro, há fortes indicios de que esta ave passe o Inverno em Portugal.
- Do total (37) de registos de observação, das 35 observações em Portugal, 25 são em Matosinhos e os outros locais de registo foram: Praia de Mira (1), Figueira da Foz (3), Esposende (1), Gafanha da Nazaré (1), V.N.Gaia (2), Sesimbra(2). Na Islândia, no local de anilhagem, Sandgerði, Gull e em Heimaey, Vestm
- Como esta ave foi anilhada já com mais de 4 anos podemos considerar que a sua idade actual seja de 13 anos.
- Ainda não foi possível definir o sexo a que pertence.


Sandgerði > Matosinhos = +2700 kms

Agradecimento:
A história de vida destas aves foi disponibilizada por: Icelandic Bird Ringing Centre

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