Corvo-marinho
De Setembro a Abril é vulgar observar no Porto de Leixões e ao largo das praias de Matosinhos pequenos grupos de Corvos-marinhos a pescar e na praia de Angeiras é também normal encontrar esta espécie no areal misturados com gaivotas.
De Setembro a Abril é vulgar observar no Porto de Leixões e ao largo das praias de Matosinhos pequenos grupos de Corvos-marinhos a pescar e na praia de Angeiras é também normal encontrar esta espécie no areal misturados com gaivotas.
É
uma ave de hábitos solitários, mas pode ser encontrada em grandes
bandos em zonas ricas de alimento, como acontece no estuário do rio
Douro onde invernam centenas de Corvos-marinhos-de-faces-brancas
(Phalacrocorax carbo).
Parte
da população invernante no nosso país deverá ter origem nos
países banhados pelo Mar do Norte.
Os
corvos-marinhos alimentam-se principalmente de peixes que pesca em
mergulho, consumindo também anfíbios, crustáceos e moluscos.
Para
poder voar mais facilmente, após cada período de pesca descansa com
as asas abertas ao sol de modo a secar as penas, que não são
impermeáveis.
Porto
de Leixões – Outubro.2015
Os
corvos-marinhos propagam-se em todos os continentes à excepção da
América do Sul e da Antárctida e habitam principalmente zonas
costeiras embora possa ser encontrado em lagos interiores, áreas
pantanosas e em barragens. Normalmente não frequenta o mar aberto,
podendo aí ocorrer excepcionalmente.
As
populações que nidificam no norte e no centro europeus invernam
sobretudo nos países do sul da Europa, tanto na costa atlântica
como na mediterrânica (BirdLife International,2014).
Praia
de Angeiras – Janeiro.2015
São
reconhecidas 5 subespécies:
-
P. c. carbo -
Atlântico
norte
-
P. c. sinensis -
Ásia
(até
ao Japão
e
ao Sri
Lanka) e Europa* (centro e sul),
-
P. c. maroccanus -
África
(noroeste)
-
P. c. lucidus –
África
(oriental
e do sul)
-
P. c. novaehollandiae -
Nova
Guiné,
Austrália
e
Nova
Zelândia
*
Existe uma polémica interessante acerca da hipótese desta
subespécie ter sido introduzida na Idade Média pelos holandeses da
China para a Holanda para utilização na pesca artesanal de uma
forma análoga à caça com falcões. A confirmar-se esta teoria, teríamos de admitir que os sinensis
na Europa seriam uma espécie exótica invasora e portanto uma ameaça
para a ictiofauna e biodiversidade no continente (!). Actualmente é
um facto bem conhecido que o numero de sinensis
na Europa eleva-se a vários milhões de indivíduos.
Sabemos
da existência de corvos-marinhos em quase todos os continentes com características genéticas e morfológicas similares.
O
mais fascinante, para mim, é haver uma espécie muito peculiar cuja
existência está circunscrita às ilhas Isabela e Fernandina do
Arquipelago das Galápagos.
Trata-se
de uma espécie nativa das Galápagos e é o único corvo-marinho que
não voa. O cormorão-das-galápagos
(Phalacrocorax
harrisi).
Foto
de Fábio Paschoal
O
arquipélago de Galápagos foi formado por vulcões há mais de 5
milhões de anos e colonizado por diferentes espécies de aves vindas
do continente, provavelmente desviadas da sua rota por tempestades.
Entres essas espécies estavam os corvos-marinhos, aves que perderam
o voo após milhões de anos de evolução.
-
Como foi que isso aconteceu?
Os
corvos-marinhos possuem patas com membranas interdigitais que
aumentam a superfície de contacto e fornecem uma força extra para
nadar submerso. Para ganhar forma mais aerodinâmica, as aves fecham
as asas cessando a sua utilização enquanto perseguem uma presa. As
aves existentes no continente ainda mantêm a destreza de voo para se
deslocar e para escapar aos seus predadores. Todavia, devido ao seu
peso, gasta muita energia no voo e as aves não fazem grandes viagens
pelos céus se for seguro ficar no chão, principalmente em ilhas
onde os ventos as podem levar para bem longe no oceano.
Como
os predadores que os poderiam ameaçar não conseguiram chegar às
Galapagos, então o melhor seria manter os pés no chão.
Enquanto
as gerações se sucediam, sem a necessidade de voar, as asas foram
diminuindo gradualmente até que surgiu uma nova espécie, o
Comorão-das-galápagos.
Actualmente, as pequenas asas que eles abrem para secar após uma
pescaria são tão diminutas, relativamente ao seu tamanho, que
certamente os não suportariam no ar.
O
naturalista Darwin, no seu livro A
Origem das Espécies,
escreveu sobre as consequências do uso e desuso das asas em
populações de insectos localizados em ilhas que tendem a perder o
voo.
Darwin
atribuiu essa perda à Selecção Natural e concluiu: "Eu
acredito que a perda quase total da capacidade de voar de inúmeras
espécies de aves, que agora residem ou colonizaram recentemente
ilhas oceânicas, sem ameaça de nenhum predador, foi causada pelo
desuso."
Ele
ficaria maravilhado ao ver o Comorão-das-galápagos
de hoje!
A
sua população nunca foi muito elevada, devido à sua distribuição
geográfica restrita, mas manteve-se em equilíbrio até à
colonização do arquipélago pelo Homem.
Após
a colonização das ilhas por seres humanos e seus animais
domésticos, a pesca predatória e devido às mudanças climatéricas
que aumentam a temperatura dos oceanos e diminuem as quantidades de
alimento disponível, colocam o Comorão-das-galápagos
no rol das espécies vulneráveis da Lista Vermelha da IUCN (União
Internacional para a Conservação da Natureza).
Em
1999 a população nas duas ilhas era de cerca de 900 indivíduos.
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