Larus michahellis N[F636]
Hoje
vou divulgar dois
assuntos
muito interessantes, primeiro, parte da vida de uma
Gaivota-de-patas-amarelas
(Larus michahellis) e
depois, o trabalho desenvolvido no CERVAS.
Quem,
como eu, se dedica à observação de aves anilhadas, sabe que está
a exercer uma actividade cívica que contribui decisivamente para o
estudo das aves. A contrapartida esperada é a recolha de informação
que possibilite conhecer um pouco da “história de vida” das aves
observadas.
Para
mim é muito interessante saber onde nasceu ou foi anilhada a ave que
estou a observar e conhecer os locais onde foi avistada e a rota
migratória usada ao longo dos anos da sua vida.
Quando
observei a “F636” estava longe de imaginar a história atribulada
desta gaivota. Escreverei apenas algumas linhas porque ela não
precisa que fale muito de si pois já é uma “estrela” e a sua
história é “viral” no Facebook e nas redes sociais.
Larus michahellis N[F636]
O
CERVAS divulgou a história sob o título:
terça-feira,
3 de maio de 2016
No
dia 23 de Abril de 2016 foi observada e fotografada por José
Marques na
praia de Matosinhos uma gaivota-de-patas-amarelas (Larus
michahellis)
com uma anilha preta F636.
Esta
ave tinha sido entregue no CERVAS a 4 de Novembro de 2015 pelo
SEPNA/GNR
de Viseu após
ter sido encontrada dentro de um camião que tinha viajado desde o
porto de Leixões até Oliveira de Frades, no distrito de Viseu.
No
momento do ingresso a ave estava muito debilitada, com diarreia e
incapaz de mover as asas e patas, um
síndrome
parésico que
tem sido detectado com cada vez maior frequência ao longo da costa
portuguesa.
O
processo de recuperação foi longo e consistiu em terapia de suporte
e alimentação forçada numa fase inicial, ao que se seguiu um
período de treino, musculação e socialização com uma
gaivota-d´asa-escura (Larus
fuscus),
que também foi devolvida
à Natureza .
A
libertação da gaivota-de-patas-amarelas foi realizada por
vigilantes da Natureza da Reserva
Natural
do Paul da Arzila / Instituto da Conservação da Natureza e das
Florestas (ICNF) junto ao rio Mondego, em Coimbra, no dia 30 de Março
de 2016.
É
ainda de referir que no dia 3 de Maio a gaivota foi novamente
detectada na mesma zona, agora junto à Docapesca do Porto de
Leixões.
O
CERVAS agradece às inúmeras
pessoas envolvidas na história de recuperação desta gaivota, em
especial ao José
Marques pelo
envio das fotografias e cedência das informações relativas à
observação e também aos técnicos do RIAS pela coordenação do
projecto de seguimento.
Esta
notícia foi replicada
posteriormente pela Wilder com o título:
Não
se sabe bem como mas esta gaivota-de-patas-amarelas acabou por viajar
de camião cerca de 100 quilómetros, do porto de Leixões a Oliveira
de Frades, e levou meses a recuperar de uma doença. Há poucos dias
foi avistada numa praia de Matosinhos, totalmente recuperada.
Esta
história começa a 4 de Novembro do ano passado quando o Serviço de
Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR de Viseu
entregou a gaivota (Larus
michahellis)
ao CERVAS
(Centro
de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens), em
Gouveia.
“A
ave tinha sido encontrada dentro de um camião que tinha viajado
desde o porto de Leixões até
Oliveira
de Frades, no distrito de Viseu”, fazendo cerca de cem quilómetros,
segundo um comunicado do CERVAS.
Quando
chegou ao centro, a gaivota “estava muito debilitada, com diarreia
e incapaz de mover as asas e as patas, um síndrome parésico que tem
sido detectado com cada vez maior frequência ao longo da costa
portuguesa”, acrescenta.
Durante
cinco meses, a gaivota esteve em recuperação, primeiro com terapia
de suporte e alimentação forçada e depois com treino, musculação
e socialização com uma gaivota-d’asa-escura (Larus
fuscus)
que também já foi devolvida à natureza.
A
30 de Março, a gaivota-de-patas-amarelas foi libertada junto ao rio
Mondego, em Coimbra, por vigilantes da Natureza da Reserva Natural do
Paul da Arzila.
Cerca
de três semanas depois, a 23 de Abril, José Marques fotografou-a na
praia de Matosinhos. Foi possível identificá-la graças à anilha
preta F636. Para o CERVAS, isto “revela a grande capacidade de
sobrevivência e de orientação desta espécie”.
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O
CERVAS foi criado em 2004 para funcionar como um hospital associado a
um núcleo de apoio à investigação científica, para
desenvolvimento de trabalhos ligados à ecologia, vigilância e
recuperação da fauna selvagem. Iniciou, em 2006, a actividade
fundamentada na recepção, tratamento, recuperação e posterior
devolução à Natureza dos animais selvagens recuperados.
Complementa
estes trabalhos com a divulgação do património natural regional e
acções de educação ambiental.
O
CERVAS-Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais
Selvagens é um Organismo que pertence ao Instituto da Conservação
da Natureza e das Florestas (ICNF) inserido no Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE).
Esta
estrutura está situada bem no centro de Portugal em plena região
montanhosa e, naturalmente, não é um Centro vocacionado para tratar
aves marinhas o que só acontece se na região aparecer,
acidentalmente, uma ave com necessidades de tratamento, como
aconteceu com a “F636”.
De
qualquer modo, aproveito para realçar e homenagear a Equipe que
trabalha no CERVAS em prol da conservação da Natureza.
Um
grande bem-haja a todos.
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Agradecimento:
-
A Ricardo
Brandão (CERVAS) pela informação partilhada.
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