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sábado, 7 de maio de 2016

Centros Europeus de Recuperação de Aves Marinhas (II)

Larus michahellis N[F636]

Hoje vou divulgar dois assuntos muito interessantes, primeiro, parte da vida de uma Gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis) e depois, o trabalho desenvolvido no CERVAS.
Quem, como eu, se dedica à observação de aves anilhadas, sabe que está a exercer uma actividade cívica que contribui decisivamente para o estudo das aves. A contrapartida esperada é a recolha de informação que possibilite conhecer um pouco da “história de vida” das aves observadas.
Para mim é muito interessante saber onde nasceu ou foi anilhada a ave que estou a observar e conhecer os locais onde foi avistada e a rota migratória usada ao longo dos anos da sua vida.
Quando observei a “F636” estava longe de imaginar a história atribulada desta gaivota. Escreverei apenas algumas linhas porque ela não precisa que fale muito de si pois já é uma “estrela” e a sua história é “viral” no Facebook e nas redes sociais.

Larus michahellis N[F636]

O CERVAS divulgou a história sob o título:

“Uma gaivota-de-patas-amarelas que viajou de camião até Oliveira de Frades já regressou a Matosinhos”

terça-feira, 3 de maio de 2016

No dia 23 de Abril de 2016 foi observada e fotografada por  José Marques na praia de Matosinhos uma gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis) com uma anilha preta F636.
Esta ave tinha sido entregue no CERVAS a 4 de Novembro de 2015 pelo SEPNA/GNR de Viseu após ter sido encontrada dentro de um camião que tinha viajado desde o porto de Leixões até Oliveira de Frades, no distrito de Viseu.
No momento do ingresso a ave estava muito debilitada, com diarreia e incapaz de mover as asas e patas, um síndrome parésico que tem sido detectado com cada vez maior frequência ao longo da costa portuguesa.
O processo de recuperação foi longo e consistiu em terapia de suporte e alimentação forçada numa fase inicial, ao que se seguiu um período de treino, musculação e socialização com uma gaivota-d´asa-escura (Larus fuscus), que também foi devolvida à Natureza .
A libertação da gaivota-de-patas-amarelas foi realizada por vigilantes da Natureza da Reserva
Natural do Paul da Arzila / Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) junto ao rio Mondego, em Coimbra, no dia 30 de Março de 2016.
Em cerca de 3 semanas, a ave já estava no local de onde tinha vindo, próximo do porto de Leixões, o que revela a grande capacidade de sobrevivência e de orientação desta espécie, tal como também tem sido possível comprovar através do projecto de seguimento de gaivotas recuperadas coordenado pelo RIAS desde 2010.
É ainda de referir que no dia 3 de Maio a gaivota foi novamente detectada na mesma zona, agora junto à Docapesca do Porto de Leixões.
O CERVAS agradece às inúmeras pessoas envolvidas na história de recuperação desta gaivota, em especial ao José Marques pelo envio das fotografias e cedência das informações relativas à observação e também aos técnicos do RIAS pela coordenação do projecto de seguimento.

Esta notícia foi replicada posteriormente pela Wilder com o título:

Não se sabe bem como mas esta gaivota-de-patas-amarelas acabou por viajar de camião cerca de 100 quilómetros, do porto de Leixões a Oliveira de Frades, e levou meses a recuperar de uma doença. Há poucos dias foi avistada numa praia de Matosinhos, totalmente recuperada.
Esta história começa a 4 de Novembro do ano passado quando o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR de Viseu entregou a gaivota (Larus michahellis) ao CERVAS (Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens), em Gouveia.
A ave tinha sido encontrada dentro de um camião que tinha viajado desde o porto de Leixões até
Oliveira de Frades, no distrito de Viseu”, fazendo cerca de cem quilómetros, segundo um comunicado do CERVAS.
Quando chegou ao centro, a gaivota “estava muito debilitada, com diarreia e incapaz de mover as asas e as patas, um síndrome parésico que tem sido detectado com cada vez maior frequência ao longo da costa portuguesa”, acrescenta.
Durante cinco meses, a gaivota esteve em recuperação, primeiro com terapia de suporte e alimentação forçada e depois com treino, musculação e socialização com uma gaivota-d’asa-escura (Larus fuscus) que também já foi devolvida à natureza.
A 30 de Março, a gaivota-de-patas-amarelas foi libertada junto ao rio Mondego, em Coimbra, por vigilantes da Natureza da Reserva Natural do Paul da Arzila.
Cerca de três semanas depois, a 23 de Abril, José Marques fotografou-a na praia de Matosinhos. Foi possível identificá-la graças à anilha preta F636. Para o CERVAS, isto “revela a grande capacidade de sobrevivência e de orientação desta espécie”.


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O CERVAS foi criado em 2004 para funcionar como um hospital associado a um núcleo de apoio à investigação científica, para desenvolvimento de trabalhos ligados à ecologia, vigilância e recuperação da fauna selvagem. Iniciou, em 2006, a actividade fundamentada na recepção, tratamento, recuperação e posterior devolução à Natureza dos animais selvagens recuperados.
Complementa estes trabalhos com a divulgação do património natural regional e acções de educação ambiental.
O CERVAS-Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens é um Organismo que pertence ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) inserido no Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE).
Esta estrutura está situada bem no centro de Portugal em plena região montanhosa e, naturalmente, não é um Centro vocacionado para tratar aves marinhas o que só acontece se na região aparecer, acidentalmente, uma ave com necessidades de tratamento, como aconteceu com a “F636”.

De qualquer modo, aproveito para realçar e homenagear a Equipe que trabalha no CERVAS em prol da conservação da Natureza.

Um grande bem-haja a todos.


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Agradecimento:

- A Ricardo Brandão (CERVAS) pela informação partilhada.



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