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sábado, 5 de novembro de 2016

Urbangulls vs Peter Rock





Em plena época de migração para sul das gaivotas do norte da Europa, recebemos em Matosinhos a habitual e sempre estimada visita de um amigo que percorre a costa portuguesa (e algumas lixeiras) como que à procura das suas “bébés”.



                                               Video - 1:38 min



Peter Rock é conhecido e reconhecido pelo excelente trabalho pioneiro que desenvolve, há muitos anos, com gaivotas que criam nos telhados em vários lugares ao redor de Bristol.

Segundo informação do Peter a primeira reprodução de gaivotas em Bristol foi em 1972, em Gloucester 1967 e em Cardiff 1962. Os dados conhecidos indiciam que o fenómeno das gaivotas que deixaram os habitats tradicionais de nidificação e começaram a criar em ambientes urbanos tem apenas cerca de 50 anos.

Trabalhos similares, com anilhagem de gaivotas reprodutoras em áreas urbanas europeias, tenho conhecimento de apenas um projecto na cidade de Saragoça e outro no norte de África, em Ceutaambos com gaivotas da espécie Larus michahellis (Gaivota-de-patas-amarelas).

Actualmente, os projectos existentes incidem apenas nas espécies Larus michahellis e Larus fuscus. Todavia, enquanto em Saragoça e Ceuta a espécie em estudo seja dominante, no Reino Unido verifica-se uma expansão na gama das espécies cujo cruzamento é viável e temos já registado algumas aves híbridas resultantes do acasalamento de indivíduos Larus fuscus com Larus argentatus. Dada e esterilidade das aves híbridas, estes cruzamento não são ameaças para a integridade das espécies.

Pode é acontecer que alguns dos hábitos das gaivotas se alterem profundamente resultando daí alguma degeneração de comportamentos.
Vou contar uma história:
- No prédio onde eu vivo e noutro vizinho nidificam há vários anos dois casais de gaivotas. Presumo serem sempre os mesmos casais porque, nos primeiros anos quando eu saía para passear com os meus cães, elas grasnavam imenso e faziam voos rasantes muitas vezes dejectando para cima de nós. Depois, deixaram de grasnar e começaram a emitir sons (au, au, au) muito semelhantes a latidos.
Hoje, quando saio com os cães, os pais e até os filhotes, olham para nós e continuam como se não existíssemos.
Por esta mutação de hábitos eu digo que talvez daqui a 300 anos exista uma subespécie não muito diferente das actuais que será designada pelos taxonomistas como Larus fuscus urbanus (brincadeira). Depois, estaremos cá para ver!

A zona costeira de Matosinhos é ponto de referência para algumas das aves anilhadas pelo Peter Rock porque aqui passam parte do inverno ou descansam no rumo para outras paragem.


É curioso que no passado dia 31 de Outubro começamos a fazer observação na Docapesca em Matosinhos, pelas 06H30 (ainda o sol não tinha nascido), e após termos percorrido muitos quilómetros, no final do dia, em Espinho… eureka! Vimos, finalmente, uma gaivota do Peter, a juvenil R[B+F] (Best+Father) nascida neste ano.

Confesso que fiquei sensibilizado pela forma particularmente carinhosa como ele “falou” com esta jovem, por isso, aqui deixo uma foto para memória futura.

Abaixo reproduzo fotos das aves anilhadas/nascidas neste ano registadas nas minhas observações em Matosinhos.



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