Gaivotas em terra (6) "Glaucous Gull"
Larus hyperboreus (1st winter)
As
aves marinhas, bebem água do mar, conseguindo manter o equilíbrio
osmótico sem acesso a água doce. A maioria do sal ingerido pelas
gaivotas e outras aves marinhas é eliminada por um par de glândulas
localizadas junto aos
olhos, chamadas de glândulas de sal. Sem estas glândulas, estas
aves, que passam largos períodos no alto-mar, alimentando-se e
bebendo água do mar
(que tem geralmente
uma salinidade próxima de 35 gramas de sais dissolvidos por litro),
não poderiam sobreviver.
Quando
a ave ingere a água do mar, o sal entra na corrente sanguínea e é
conduzido para filtragem às glândulas do sal, que têm uma
estrutura semelhante à dos nossos rins. O sangue entra nelas por
capilares ao lado das células que operam a secreção, fazendo a
dessalinização. O
sal extraído por essas células passa para tubos secretores ligados
à cavidade nasal e é eliminado seguidamente pelas narinas em forma
liquida. Provem daqui
a mancha branca visível na região do bico da ave e as gotas
expelidas pelo bico e narinas quando as
aves
sacodem
a cabeça. Parte do
sal também é excretada pelos rins, misturado nas fezes e na urina,
mas em quantidades mais reduzidas que as expelidas pelas glândulas
de sal.
Apesar
deste sistema especializado em eliminar os excessos de sais do corpo,
a verdade é que sempre que vou
observar gaivotas próximo
de fontes de água doce, verifico que as aves que vêm do mar param e
bebem grandes quantidades de água como se estivessem a “matar e
sede”.
Ora,
isto vem a propósito
da ultima “raridade”
que observei
e o local onde aconteceu.
Já
há muito
tempo eu concluí que a foz dos rios e ribeiras é o local onde é
mais provável encontrar aves
marinhas de espécies menos frequentes na nossa costa. Em
Matosinhos, acontece na foz do Rio Onda na Praia de Angeiras e na foz
da Ribeira de Carcavelos na Praia de Matosinhos. É nestes locais
onde tenho visto a maior parte de aves consideradas raras ou
acidentais em Portugal.
É
o caso deste belo juvenil de Gaivota-hiperbórea (Larus hyperboreus)
que observei na foz da Ribeira de Carcavelos na manhã do passado
Sábado dia 14 deste mês.
Video: 00:21 min
Por isso, quando estiver junto da foz de um rio ou riacho, veja atentamente porque misturado com outras aves pede haver alguma de uma espécie menos frequente.
-CPR: Observação registada para homologação no Comité Português Raridades sob o nº. "CPR-ONLINE-846". Foi atribuído ao registo o código definitivo P024.
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