quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Finland Gulls [3] – Larus ridibundus


Gaivotas da Finlândia – Larus ridibundus (*)


M[ST281940]-2-17.12.2018


Estamos a atravessar uma época do ano em que as aves migrantes estarão estabilizadas no local de invernada.
No Inverno, as gaivotas de espécies provenientes do noroeste da Europa dispersam-se pelas costas do sudoeste europeu, do noroeste africano, dos mares Mediterrâneo, Negro e Cáspio, e da Península Arábica até ao noroeste indiano.
Como no Norte de Portugal o Inverno por vezes também é um pouco rigoroso e escasseia a comida, nesta altura do ano, não é frequente observarmos aqui muitas aves de espécies vindas destas origens.

M[ST281940]-2-17.12.2018

Todavia, se durante o Inverno visitarmos com alguma regularidade os nossos habituais locais de observação de aves marinhas, vamos constatar que algumas destas aves passam o Inverno persistentemente na nossa zona.
A prova disto é que, ano a ano, vamos registando a presença de algumas aves que por aqui permanecem quase todo o Inverno.
A ausência de grandes quantidades de gaivotas com anilhas coloridas, permite-me dedicar mais atenção às aves portadoras apenas de anilhas metálicas.


É o caso do post anterior dedicado a uma gaivota-d’asa-escura (Larus fuscus) Irlandesa anilhada há 27 anos e que venho registando a sua presença desde 2016 e deste Guincho-comum (Larus ridibundos) originário da Finlândia.

Em 08.02.2017 registei, pela primeira vez e neste mesmo local (Praia de Angeiras, Matosinhos), este individuo que voltei a registar agora em 17.12.2018.


M[ST281940]-1-08.02.2017


Esta ave foi anilhada no dia 22.06.2010 com a anilha metálica nº. ST281940, por Pekka Alho, em Askainen, Varsinais-Suomi, Turku-Pori, Finland.

Askainen > Angeiras = 2969 Kms (em linha recta)

* - Existem alguns guias de aves onde esta espécie aparece com o nome Chroicocephalus ridibundus. Todavia, nem todas as autoridades adoptam esta designação. A adopção do género Larus é uma recomendação da AERC que pode consultar aqui.

>>>|||<<<


Agradecimento:
A informação do histórico desta ave foi disponibilizada por: LUOMUS Ringing Center (University of Helsinki)





ooo<<<>>>ooo



sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Irish seagull ringed 27 years ago


Gaivota Irlandesa anilhada há 27 anos


02/01/2016


Não é todos os dias que observamos uma gaivota com 27 anos e meio de vida.

Acontece que na Terça-feira dia 11, voltei a registar a  presença desta velha amiga nas praias de Matosinhos.
Alguns dados da sua história de vida:
-Espécie: Larus fuscus (Gaivota-d’asa-escura)
-Idade: Anilhada, ainda pinto, em 16/06/1991;
- Local de nascimento: Focarrig, Cape Clear, Cork, Irlanda
-Anilha:  M[GH82607] (BTO-British Museum-London)

07/12/2017


Os meus registos, em 3 anos consecutivos, de observação deste individuo no concelho de Matosinhos:
- 02/01/2016 – Praia do Paraíso
- 07/12/2017 – Praia de Matosinhos
- 11/12/2018 – Praia de Matosinhos
11/12/2018

Este novo registo permite deduzir duas coisas;
1 -  Parece ter eleito as praias de Matosinhos para passar o Natal;
2 – Talvez pela idade está perfeitamente humanizada pois assume calmamente a minha presença permitindo que eu circule ao seu redor para obter fotos que me permitam ler a anilha posteriormente (talvez por isso eu tenha conseguido ler a anilha nos últimos 3 anos).

Nota:
Embora os 27 anos e 6 meses seja uma idade considerável, o record de longevidade conhecido de uma ave desta espécie, pertence à gaivota com a anilha metálica GM21509, também do Projecto BTO, com 34 anos e 10 meses.
Cape Clear Island > Matosinhos = 1.143 km (linha recta)




Agradecimento:
- à BTO-British Trust for Ornithology ( https://www.bto.org ) pela informação prestada.



domingo, 25 de novembro de 2018

Denmark Gulls


Gaivotas da Dinamarca

BW[V.XL5]
Nas minhas saídas à Praia de Matosinhos durante o mês de Outubro passado, registei a presença de 8 aves Larus fuscus do projecto dinamarquês liderado pelo Kjeld Tommy Pedersen  (Natural History Museum of Denmark). 


BW[V.87Z]

Este Projecto utiliza anilhas azuis com o código alfanumérico branco iniciado pela letra ‘V’ separado dos outros dígitos por um ponto (.).

Alem da espécie Larus fuscus, algumas destas anilhas também são usadas em gaivotas das espécies Larus argentatus, Larus cachinnans e Larus michahellis.

Embora em numero muito reduzido, tenho registado também algumas aves anilhadas na Suécia, com cor e códigos similares, mas com anilhas metálicas de Estocolmo (o acompanhamento destas aves é também da responsabilidade do Kjeld T.Pedersen) .


BW[V.62Y]

Com excepção de um individuo adulto, a BM[V.4H5] as aves eram todas imaturas nas suas primeiras viagens migratórias e, naturalmente, com uma história de vida muito recente.

BW[V.4H5]

No quadro abaixo poderão consultar mais informação sobre as aves observadas. Todavia, relativamente a alguns indivíduos, a informação está incompleta porque aguardo ainda a informação do Centro de Anilhagem.


Aves registadas em Outubro
anilha
Local onde foi anilhada
Data anilha
link
B[V.4H5]
aguarda informação

B[V.13F]
Langli, Varde
28/06/2017
B[V.20X]
aguarda informação

B[V.34X]
aguarda informação

B[V.37Z]
aguarda informação

B[V.62Y]
Langli, Varde
27/06/2018
B[V.87Z]
Hirsholm, Frederikshavn
06/06/2018
B[V.XL5]
Hirsholm: Stålhage (c8), Frederikshavn
07/07/2018

Agradecimento:
- a Kjeld T.Pedersen pela informação fornecida.







terça-feira, 13 de novembro de 2018

Iceland Gull in Matosinhos Beach

   


Gaivota-polar na Praia de Matosinhos


Hoje, dia 13 de Novembro, fui para a praia de Matosinhos no intuito de registar gaivotas com anilhas coloridas.

Estavam muitas pessoas no areal, muitos praticantes de surf, muitos cães e respectivos donos e, naturalmente, muitos turistas a desfrutar de um belo dia de sol.



Daí que o numero de gaivotas no areal não era numeroso. Sempre que deparo com estas condições, dou maior atenção às aves que vêm descansar ou tratar das penas e beber agua doce na foz da ribeira que desagua na praia.



Não esperava era encontrar uma Gaivota-polar (Larus glaucoides).

Esta espécie reproduz-se na Gronelândia e no Norte do Canadá (não na Islândia!) é invernante rara no NO Europa e em Portugal tem o estatuto de “Acidental”.

A observação de aves raras em Portugal, devem ser comunicadas ao CPR-Comité Português de Raridades, para homologação.





Quando a vi pelos binóculos estava no meio de outras gaivotas e tirei duas fotos de registo. Tentei aproximar-me mas ela fugiu e foi para o mar pousando na zona anterior à rebentação das ondas.

Na esperança que ela voltasse, fiquei algum tempo mais à espera. A minha persistência foi premiada porque algum tempo depois ela regressou para a foz da ribeira. Habituou-se à minha presença e estabelecemos um dialogo interessante como podem comprovar nas fotos e video que venho partilhar.



                                                                         Video - (01:27)





terça-feira, 30 de outubro de 2018

France Gulls

Gaivotas de França (Ilha de Ré)


2015/10/20 - Porto de Leixões


Quem faz regularmente a observação de gaivotas com anilhas coloridas, acaba por ficar ligado à história de algumas aves pelo registo do avistamento sistemático ao longo dos anos.
Pois, é de uma das aves francesas, registadas mais vezes em Matosinhos, que hoje vamos conhecer algo da história da sua vida.
Trata-se de uma Gaivota-d’asa-escura (Larus fuscus) anilhada, já adulta, em 01/06/2011 na Ilha de Ré.

2016/01/09 - Praia de Matosinhos

A Ilha de Ré é uma ilha costeira francesa situada no Oceano Atlântico, com 30 km de comprimento por 5 km de largura e está ligada ao continente por uma ponte com 3 km de extensão que faz a ligação à cidade de La Rochelle.

Gerida pela LPO na Ilha de Ré, a Reserva Natural Nacional Lilleau des Niges  acolhe todos os anos milhares de aves migratórias ou sedentárias. 

É neste ambiente protegido que o Projecto se desenvolve para melhorar o conhecimento ornitológico e naturalista na Ilha de Ré.
No caso particular das gaivotas e com vista ao estudo e gestão da população desta espécie na Ilha, as aves são marcadas com uma anilha de cor branca com um código alfa-numérico iniciado com a letra “R:”.

2017/10/02 - Praia de Matosinhos

Vejamos então o espaço geográfico onde vive esta ave:

Quadro migratório
ANO
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Registos
2011





ring

3
1
1
5

11
2012










3

3
2013










1

1
2014




1







1
2015
1







6
5
2
1
15
2016







1
3
5
1

10
2017



1
1
1


1
2
2
1
9
2018







1
1
1


3

53
França
Galiza
Marrocos
Portugal

Observadores: 


Em França: Julien Gernigon; Léo Reuzé; Quentin Lelièvre
Na Galiza: Antonio Gutierrez; Francisco Giron Veiga
Em Marrocos: Peter Rock; Paul Veron; Lorentzen Nils Helge
Em Portugal: Malcolm Millais; Tim van Nus; José Vidal; Peter Rock; Inocêncio Oliveira;
José Verbeek; Fred Cottaar; Armando Mota; Bernd Halterlein; Luís Mota; José Marques



Curiosidades migratórias:

- Apenas existem registos em Portugal entre Agosto e Dezembro;
- Os registos em França são todos na zona da colónia de reprodução na Reserva Natural na Ilha de Ré;
- Exceptuando o registo em Marrocos, não existem locais com registos de avistamento desta ave entre Janeiro e Março;
- Dos 43 registos em Portugal, apenas um é fora da zona do Grande Porto (06/12/2017-Paramos beach, Paramos,Aveiro,Portugal – Luís Mota);
- Os registos (3) no Norte da Península Ibérica (Galiza) nos dias 14,15 e 16/08/2011 são os únicos pontos de passagem conhecidos da viagem para Portugal, assim como o registo a Sul do Grande Porto no dia 6/12/2017 em Paramos Aveiro, é também o único ponto de passagem, que é conhecido na provável viagem regular para África;
- Os registos existentes, dão indícios de que esta gaivota permanece toda a época de reprodução na colónia na Ilha de Ré. Findo o período reprodutivo imigra para a zona do Grande Porto (Matosinhos e Estuário do Rio Douro). A inexistência de registos nos primeiros meses do ano podem indiciar também que ela passe este período na costa ocidental africana(?).
Se tem instalado no seu computador o Google Earth, pode acompanhar AQUI  os locais de passagem e percurso migratório (conhecido) desta gaivota.


Agradecimento:
Ao Julien Gernigon (Técnico LPO na Ilha de Ré) pela informação recebida sobre esta ave.

2018/09/03 - Praia de Matosinhos