sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Ireland Gulls (4)


Gaivotas da Irlanda (4)

BW[259:R] Larus fuscus (1cy) 

Tenho o prazer de anunciar o novo Projecto irlandês de anilhagem de Gaivotas-d’asa-escura (Larus fuscus) designado por:

Lough Ree Gull Ringing Project (Ireland)

Este Projecto tem uma curta história pois começou a sua actividade em 2018 por iniciativa de colaboração entre anilhadores locais e a equipe do Serviço Nacional de Parques e Vida Selvagem (National Parks and Wildlife Service).

Loung Ree é um lago com uma área de 105 km2 situado na região central da Irlanda. Está designada como Área Especial de Conservação e Protecção e é também uma IBA-Important Birds Areas

É no ilhéu Incharmadermot Island que se desenvolve este Projecto onde existe uma colónia de cerca de 1000 casais reprodutores de Gaivota-d’asa-escura (Larus fuscus). Em Junho de 2018, primeiro ano do Projecto, foram anilhados 291 pintos, 2 deles foram recuperados mortos e, até 26 de Agosto, foram vistos 6 longe da colónia (2 na Irlanda, 2 no NW de Espanha e 2 em Portugal). O primeiro avistamento fora da Irlanda aconteceu no fim de Julho em Espanha e o primeiro em Portugal no dia 13 de Agosto.


No contexto irlandês, uma colónia desta dimensão é muito importante. Segundo Brian Burke, o objectivo deste estudo é bastante geral, pretendendo aumentar o conhecimento sobre sobrevivência, migração e dispersão das gaivotas de Lough Ree.
 BW[258:R] – Larus fuscus (1cy)

O avistamento de aves portadoras de anilhas deste projecto devem ser reportadas a Brian Burke - loughreegulls@gmail.com   

Até hoje registei a presença de 2 juvenis (curiosamente com a numeração seguida) ambos, na Praia de Matosinhos.  
Longh Ree > Matosinhos = 1.387 kms (em linha recta)


Agradecimento:
- A Brian Burke pela informação disponibilizada.



sábado, 25 de agosto de 2018

Seagulls on Land (15)


Gaivotas em terra (15)

Pela diversidade de espécies observadas, venho partilhar convosco uma manhã muito proveitosa passada no inicio deste mês no Porto de Leixões.

Vejamos as espécies de gaivotas observadas:

Larus audouinii

Larus audouinni (1cy) - 1
A Gaivota-de-audouin nidifica principalmente na costa e ilhas do Mediterrâneo e, até há poucos anos atrás, era muito rara no nosso país. Todavia, graças ao comprovado aumento da espécie e talvez também porque a espécies já nidifica em Portugal (Algarve), por cá, no Norte na Península, vamos sendo “premiados” com a visita de alguns (poucos) indivíduos.
Aliás, seria muito interessante que esta espécie, com hábitos de dispersão mediterrânica e noroeste africano, até ao Senegal, se espalhasse também pela costa atlântica da Península Ibérica, até à Galiza.

Curiosamente, neste dia e pela primeira vez, registei a presença de dois juvenis.
Larus audouinni (1cy) - 2

Larus hyperboreus
Larus hyperboreus
Esta espécie é considerada uma raridade em Portugal.  Nos últimos anos, venho registando o avistamento de 1 ou 2 indivíduos, dentro da Doca ou na Praia de Matosinhos.
Esta ave adulta está em fase de mudança da plumagem com as primárias muito desgastadas, como pode ver nesta foto.
Larus hyperboreus
Nota: Esta espécie é reconhecida como raridade em Portugal pelo que a observação destas aves deve ser comunicada ao Comité Português de Raridades para homologação.



Larus fuscus
Y[ZIIB]-Larus fuscus (3cy)
Destaco esta ave de origem Holandesa, por ser o meu primeiro registo deste individuo e também por ser o primeiro registo depois da sua anilhagem em Junho de 2016.
Pode consultar mais informação sobre esta ave, aqui (click). 
As outras aves com anilhas coloridas tinham origem na Inglaterra (1);Belgica (1); Holanda (+1);  Guernsey(1) e Escócia(1) .
Larus fuscus
Obtenha a informação disponível sobre estas aves fazendo um “click” no código da anilha correspondente:  BW[F:459]  BW[Z.PAW]   GW[JV]NW[2CT8] WR[24U:C]    


Larus michahellis

O[B4FM] -Larus michahellis
Nesta espécie,destaco este individuo, originário das Ilhas Baleares, porque vem sendo uma visita habitual nesta zona.
As outras aves com anilhas coloridas registadas são de origem espanhola (+2) e  portuguesa (4) :
Larus michahellis
Pode obter a informação disponivel sobre estas aves fazendo um “click” no código da anilha.


Larus marinus
Larus marinus

Pelo comportamento e lugar onde o observo, penso tratar-se de um indivíduo que está “ancorado” nesta doca há já algum tempo (não lhe falta comida!).

Por último...

Larus ???


Também registei a presença desta ave imatura. Apenas consegui sacar duas fotografias e não tive oportunidade de obter nenhuma com as asas abertas. Foi pena porque nos ajudaria a identificar melhor a sua espécie.
Como tenho duvidas na sua classificação, pedi auxilio num forum e o resultado ainda me deixou mais confuso...
Senão, vejam as opiniões que recebi:
- American Herring Gull
- European Herring Gull
- Yellow-legged Gull
- Yellow-legged Gull atlantis
- Yellow-legged Gull lusitanius
… como não estou completamente esclarecido e subsistem as minhas dúvidas, se me quiser ajudar a identificar a espécie, fico muito agradecido.



sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Spain Gulls (3)

Gaivotas espanholas (Múrcia)

OB[7P0] - 16.06.2017

Admito que tenho sido critico de alguns Projectos de anilhagem por deixarem de acompanhar o conhecimento sobre as rotas migratórias ou a própria evolução das aves anilhadas, pelo consequente desperdício de informação cientifica.
Refiro-me, naturalmente, aos projectos que deixaram de receber/responder às informações de avistamentos que lhes são comunicadas.
Na vizinha Espanha subsistem ainda alguns desses projectos. Todavia, parece que a EBD-Estação Biológica Donaña (Organismo que coordena a marcação com anilhas legíveis à distancia que se realizam em Espanha) está a recuperar informação sobre aves que estavam “orfanadas”.

É compreensível que este Organismo não possa facultar informação daquilo que, provavelmente, ela não dispõe! Daí que, relativamente a alguns Projectos, a informação seja ainda um pouco precária.

Um dos casos concretos, é o relativo ao Projecto da ANSE-Asociación de Naturalistas del Sureste  de Múrcia. Na anilhagem de Gaivotas-de-patas-amarelas (Larus michahellis) este projecto utilizou anilhas de cor laranja cujo código da inscrição era, inicialmente, de cor verde, passando depois a ser em azul escuro.
                 OG[5H3]                                          OB[6X7]            

Sei da existência de colegas que deixaram de participar avistamentos destas aves. Todavia, atendendo ao novo enquadramento, recomendo que se registem e insiram as vossas observações (mesmo antigas) no portal ministerial onde está alojado o site da EBD-Estação Biológica Donaña e, se a ave observada já estiver carregada no portal, você pode obter de imediato o histórico da ave, conforme este exemplo;

OB[7N4] - 22.09.2016


2018

sábado, 4 de agosto de 2018

Greenland shorebirds suffer a disastrous breeding season

Calidris alba


Em 2018 a época de reprodução de aves limícolas na Gronelândia... é desastrosa!



As alterações climatéricas poderão impossibilitar a reprodução de aves limícolas no NE da Gronelândia.

No inicío do mês de Julho passado divulguei um alerta com o pedido de ajuda para a contagem dos Pilritos-das-praias (Calidris alba)  na costa portuguesa durante o Outono/Inverno deste ano.
No artigo publicado no inicio de Julho (leia aqui) Jeroen Reneerkens(*) alertava que a queda excessiva de neve na Primavera poderia inviabilizar a criação de limícolas no NE da Gronelândia e solicitava a ajuda para a contagem das aves observadas.
(*) Jeroen Reneerkens da Universidade Dinamarquesa de Groningen, desde 2003 que estuda anualmente a criação de Pilritos-das-praias (Calidris alba). Ele desenvolve este trabalho na Estação de Pesquisa Zackenberg  (74 ° 28'N 20 ° 34'W) no NE Groenlândia.

A Península ibérica é um dos destinos de invernação desta espécie. Os primeiros adultos aparecem no final do mês de Julho e os primeiros juvenis (se houver) em meados de Agosto. Este ano, podem surgir uma ou duas semanas mais tarde.
Assim, renovo o pedido solicitando a colaboração de todos.
Para melhor identificação (juvenil/adulto) reproduzo aqui o manual que adaptei para o português.
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Manual de campo para identificar Pilrito-das-praias (Calidris alba) e estimar a proporção de juvenis nos bandos.
Hilger Lemke | John Bowler | Jeroen Reneerkens . Julho 2013
(foto-1)



Este manual vai ajudá-lo a distinguir Pilrito-das-praias juvenis de adultos e a ser capaz de contar as proporções de uns e outros no campo. Este método é muito eficaz para estimar o sucesso reprodutivo da espécie.
As características visuais mais importantes de ambas as classes de idade são mostradas em fotografias e descritas em texto.
No final deste documento encontrará uma lista de dicas para fazer as contagens no campo.
Muito obrigado pela sua ajuda e aproveite!

Para entender e evolução da população de Pilritos é essencial ter dados sobre a sua sobrevivência e reprodução.
O sucesso reprodutivo nas zonas de reprodução do Alto Ártico pode variar consideravelmente de ano para ano devido a várias circunstâncias nomeadamente aos ciclos de “lemming” (pequeno roedor, existente na tundra ártica) e à pressão de predação sobre a espécie.
A estimativa do sucesso reprodutivo é avaliada melhor nas áreas onde a espécie vai invernar, dado que é mais fácil identificar a proporção de juvenis dentro dos bandos. No entanto, devido à imensa zona de invernada dos Pilritos, estimativas confiáveis só podem ser obtidas quando há muitos observadores, em muitos locais, contando o número de juvenis dentro dos bandos de forma padronizada e fiável.
Por isto, pedimos a sua ajuda. No final da temporada, enviaremos os resultados do nosso estudo.

Grupos de penas importantes e terminologia
Distinguir adulto de juvenil de Pilritos não é difícil, mas, o observador inexperiente pode necessitar de um pouco de treino. É importante perceber que tanto adultos como juvenis estão a mudar as penas durante a época do ano em que estamos interessados em saber a proporção de ambos os grupos de idade.
Por isso, é importante reconhecer ambas as idades nas diferentes fases da muda. É muito útil fixar a sua atenção nos grupos de penas e do seu padrão assim como na coloração e grau de desgaste para classificar no campo, com fiabilidade, a idade destas aves.
Familiarize-se com os grupos de penas e a terminologia mencionada na foto 2.
Vamos usá-las para explicar as principais diferenças entre juvenis e adultos nas próximas páginas.
(foto-2)
1- identifique as penas da coroa, do dorso e pescoço e as escapulares
2- veja as coberturas de asa e penas de voo (terciárias e as primárias).
Compare esta foto com a foto 4!
Se necessário, também pode praticar esta topografia em qualquer guia de aves decente.

Características de muda e plumagem de juvenis e adultos de Pilrito-das-praias (1)
(foto-3)
1-meados de Setembro, GB: Uma espécie, mas duas classes de idade: a ave à esquerda é um adulto com a típica plumagem de inverno, enquanto o pássaro à direita é um juvenil com algumas penas do dorso já renovadas.

Principais diferenças entre juvenis e adultos:
Os juvenis têm a plumagem muito fresca e cuidada, enquanto as penas dos adultos são (muito) mais desgastadas em Agosto e Setembro. Os juvenis tendem a ter a parte superior num padrão axadrezado a preto e branco e, frequentemente, uma tonalidade cremosa na parte superior do peito e cabeça, quando a plumagem é muito nova.
Adultos e juvenis, começam ambos a mudar para a plumagem de Inverno a partir de meados de Setembro (pode variar dependendo da região geográfica), portanto, vai-se complicando a identificação no campo. Isso significa que você pode encontrar adultos que mantêm parcialmente a típica plumagem nupcial (reprodução), bem como juvenis que substituíram já as características penas de juvenil.
Tanto juvenis como adultos, mostram mais e melhor as típicas penas cinzentas da plumagem de inverno na cabeça, manto e coberturas. Portanto, é importante ter em atenção as plumagens principais da espécie (juvenil, adulta nupcial (reprodução) e adulta de inverno) para perceber como a muda pode afectar os estágios transitórios.
Entre meados de Setembro e final de Outubro, é a melhor época para identificar a idade pelo telescópio, devido à migração e à muda (ver Bibliografia de apoio).


Características de muda e plumagem de juvenis e adultos de Pilrito-das-praias (2)
Os juvenis geralmente mudam as penas da cabeça e do corpo. As terciárias e coberturas apenas são mudadas nos pássaros que invernam nos trópicos.
                                             (foto 4)                                                                     (foto 5)                                                                (foto 6)

(foto 4)- meados de Setembro, Bretanha: plumagem típica antes início da muda. As penas do manto e escapulares com centros pretos e franjas brancas são muito distintas. O tom acastanhado no pescoço e no rosto indica uma plumagem muito recente.
(foto 5)- meados de Setembro, Bretanha: coroa e lateral do pescoço manchado a preto. Em parte do manto as penas já estão mudadas para a plumagem de inverno.
(foto 6)- Janeiro, norte da Frísia: juvenil no seu primeiro inverno com a plumagem do manto, coroa e escapulares mudadas. Só pode ser reconhecida a idade porque retém as terciárias e cobertura com centros escuros, que ainda não foram renovadas.

No Inverno, a muda nos adultos passa pela completa substituição da plumagem de reprodução para a plumagem de tonalidade branco e cinzento-claro.
(foto 7)                                                 (foto 8)                                                                  (foto 9)

(foto 7)- meados de Setembro, Bretanha: Mudando da plumagem de reprodução para a de Inverno. As novas penas cinzas na coroa e escapulares são as penas da plumagem de inverno. As mais escuras e desgastadas são restos da plumagem nupcial.
 (foto 8)- meados de Setembro, Bretanha: quase completamente mudado para a plumagem de inverno. Apenas restam muito poucas penas negras, da plumagem nupcial, na parte superior.
(foto 9)- Janeiro, Frísia do Norte: plumagem de inverno completa com a típica parte superior acinzentada pouco apelativa e a parte inferior branca e mais brilhante.

Características de muda e plumagem de juvenis e adultos de Pilrito-das-praias (3)

(foto 10)
(foto 10)-meados de Setembro, Bretanha: quantos juvenis vê?
 (A segunda ave da direita (primeiro plano) é um juvenil, os outros são adultos. A juvenil é reconhecida pelo xadrez escuro nas partes superiores, o enegrecimento da coroa, rosto e pescoço num padrão sujo. Observe o contraste entre o novo manto/escapulares e as penas velhas nas coberturas/terciárias, dos adultos.)

(foto 11)
(foto 11)- meados de Setembro, Bretanha: descubra as idades neste grupo!
(Existem apenas juvenis neste grupo. Todos mostram o típico xadrez preto e branco nas partes superiores e o pescoço manchado na lateral com um matiz pardo. Observe a aparência global, fresca e “limpa” da plumagem!).

Trabalhando no campo (1)
(foto 12)


• Use um telescópio para observar os bandos de Pilrito-das-praias;
• Estime as idades e conte os pássaros um por um. Uma nota dizendo “450 Pilritos e 10% eram juvenis” não é suficientemente preciso;
• Utilize algum contador para realizar as contagens ou fichas manuais para registar a sua contagem;
• É mais prático se houver uma segunda pessoa a ajudar; enquanto você observa o bando e conta as aves, o seu amigo anota os resultados;
• Os juvenis geralmente agrupam-se dentro do bando. Portanto, tente sempre contar o bando inteiro. Tenha em conta que, se se trata de um bando grande (> 300 Pilritos) basta contar apenas uma parte. Em todo o caso, é importante saber quantas aves estavam presentes na área e quantos indivíduos pôde contar. Por exemplo: 1238 Pilritos contados, dos quais 79 juvenis e 638 adultos.
• Contar e reconhecer as idades das aves quando paradas é mais fácil do que quando se estão alimentando com os indivíduos em permanente correria de lado para lado. Tentá-lo nesta situação causaria duplas contagens e, portanto, dados não confiáveis. Aguarde o momento certo quando o bando está bem espalhado ou parado.

Trabalhando no campo (2)
(foto 13)

(foto 13)-Setembro, Bretanha: um pequeno desafio final:
Quantos juvenis e adultos consegue identificar neste bando?
(O segundo indivíduo da esquerda é o único juvenil, reconhecível pelo acastanhado das partes superiores, pescoço e coroa. Os outros 51 Pilritos são todos adultos, com a muda progredindo para a plumagem cinza e branca de inverno. Muitos adultos ainda mostram alguma plumagem antiga, que é predominantemente escura, sem as franjas largas e brancas, característica dos juvenis.)

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O que precisamos que nos envie?
1) data, localização exacta (com coordenadas), teu/vosso nome;
2) total das aves classificadas por idade
3) total de adultos
4) total de juvenis
5) total das aves presentes

• Por favor, envie os dados para Jeroen Reneerkens
(J.W.H.Reneerkens@rug.nl)! A sua colaboração é muito importante!
• Visite www.waderstudygroup.org  para saber mais sobre o Projecto Pilrito-das-praias do International Wader Study Group (Grupo Internacional para o Estudo das Limícolas).


Referências:

Bibliografia de apoio:
The Shorebird Guide; O`Brian, Crossley & Karlson; New York, 2006.
Shorebirds of the Northern Hemisphere; R. Chandler; London, 2009.
• Guia de Aves-Collin´s Bird Guide (disponível em vários idiomas); Svensson,
Mullarney & Zetterström, qualquer edição.
Establishing the right period for estimating juvenile proportions
of wintering Sanderlings via telescope scans in Northern Scotland;
Lemke, Bowler & Reneerkens; Wader Study Group Bulletin 119 (2), 2012.

Fotografias de:
- Jeroen Reneerkens
     Fotos: 1,2,3,4,5,7,8,10,11,13
- Hilger Lemke
     Fotos: 6,9,12

Agradecimentos:
-A Sebastien Nedellec, María Fernández e Manuel Flores Lunar, pela tradução do texto para o francês e o espanhol.
-Franziska Lemke ajudou com o design gráfico.



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