Larus Audouinii
En-Us:Audouin's Gull -Ca:Gavina corsa -Da:Audouins Måge -De:Korallenmöwe -Es:Gaviota de Audouin -Fi:välimerenlokki -Fr:Goéland d'Audouin -It:Gabbiano corso -Nl:Audouins Meeuw -No:Middelhavsmåke -Pt:Gaivota-de-Audouin -Sv:Rödnäbbad trut -Ru:Чайка Одуэна
A
gaivota-de-audouin
(Larus audouinii)
é uma ave da família Laridae.
É maior que a Gaivota-de-cabeça-preta (Larus melanocephalus)
Os adultos têm as patas acinzentadas e o bico vermelho.
A
espécie é monotípica (não são reconhecidas subespécies).
Fenologia
no Continente Português: Nidificante estival e Invernante (ICNF)
A
Gaivota-de-Audouin é uma espécie nidificante confinada ao
Mediterrâneo. A sua área de distribuição estende-se por Chipre, Espanha,
França, Grécia, Itália e Turquia (BirdLife International/European
Bird Census Council 2000). Também se encontra no Egipto, Ilhas
Canárias, Jordânia, Líbano, Malta, Mauritânia e Suíça (Cramp &
Simmons 1983).
Espécie
parcialmente migratória, inverna principalmente na costa atlântica
de África, estendendo-se ao Sul do Senegal e à Gâmbia.
A
espécie a quem foi dado o nome do naturalista francês Jean Victor Audouin era muito rara e foi considerada a gaivota mais rara da
Europa.
Quando
em 1968 se estimou que a população total eram cerca de 800-1000
casais e se receou a extinção desta espécie, nos países de
reprodução foram tomadas medidas de protecção eficazes entre elas
foi o estabelecimento de uma nova colónia no delta do Rio Ebro
(Espanha) em 1980.
Graças
às acções de protecção realizadas, verificou-se um crescimento
exponencial da espécie.
O
aumento da população ao longo dos anos que se seguiram foi de tal
modo surpeendente que se estimou que o numero em 1988 rondaria já os
8.200 casais (De Joana & Varela, 1993) e entre os 15.620-15.830
em 1993 (Audouin's
Gull Workshop,
Itália, 1994), assim distribuídos:
- PaísNº. de casaisNº. de colóniasArgélia600-6004Chipre10-201França90-902Grécia200-300Min. 16Itália550-65010Marrocos50-501Espanha14.000-14.0008Tunísia70-704Turquia50-501Total15.620-15.83048
Entre
as razões que explicariam o aumento impressionante de efectivos
reprodutores parece estar relacionada com a descoberta, pelas aves
das colónias do Delta do Ebro
e das Ilhas columbretes de que se podiam alimentar dos desperdícios atirados ao mar por
barcos de pesca (Parterson, 1992).
Actualmente
a grande maioria da população total mundial (cerca de 90%) procria
no Mediterrâneo espanhol.
Em
Portugal, há uma nota interessante de William C. Tait (1924)
referindo que os pescadores de Sagres lhe terão dito em 1922 que
esta espécie criava duas milhas a Este da Ponta de Sagres,
mas que essa colónia terá desaparecido devido a moléstias e ao
saque de ovos por coleccionadores. Tait também conta que nesse mesmo
ano (1922) haviam rumores de criação de Audouini a Norte do Cabo de São Vicente,
na ilhota de São Francisco.
Até
ao final do século passado esta espécie era muito rara em Portugal.
Há pouco mais de uma década passou de "raridade"
a "pouco
comum"
reflexo do inicio de criação de alguns casais, originários das
colónias espanholas do Mediterrâneo Ocidental, que começaram a
nidificar no Algarve no início deste século, embora com insucesso reprodutor muito
elevado.
De
qualquer modo embora se esteja a verificar um aumento do número de
casais nos sapais de Castro Marim
e na Ria Formosa, o numero de indivíduos desta espécie observados em Portugal ainda
é reduzido e praticamente concentrado na costa algarvia
verificando-se pouca dispersão para o interior até à albufeira do
Alqueva e pela costa atlântica até à zona centro do país.
Penso
que é licito considerar ainda como raridade
a observação desta espécie para norte da Praia de Mira
até à Galiza.
Daí que esta minha observação seja o primeiro registo desta
espécie no concelho de
Matosinhos.
No
Norte da Europa e Portugal Insular (Açores
e Madeira) a espécie tem o estatuto de conservação de
Acidental.
A
gaivota-de-Audouin tem forte associação com as águas da plataforma
continental, ocorrendo geralmente próximo da costa. Habitualmente
descansa durante o dia em salinas, praias arenosas e zonas lagunares
costeiras, próximo das áreas de alimentação no mar, que
normalmente visita durante a noite. A sua dieta é constituída
principalmente por peixes como sardinhas e anchovas, estando
fortemente relacionada com a actividade piscatória. Nidifica
colonialmente, por vezes em alta densidade, em ilhas rochosas ou
arenosas, em penínsulas arenosas e em salinas.
O
Estatuto de Conservação da Gaivota-de-Audouin tem melhorado muito,
todavia, o facto de grande parte da população reprodutora estar
concentrada geograficamente num reduzido número de colónias,
constitui um grave risco para a espécie. Acrescente-se ainda a
competição com as gaivotas-de-patas-amarelas que disputam o mesmo
território e outros predadores terrestres podem ser factores
importantes de mortalidade e de insucesso reprodutor.
Estatuto
de Conservação:
Global
(UICN 2004): NT (Quase Ameaçado).
Nacional
(Cabral
et al. 2005): VU (Vulnerável).
Espanha
(Madroño et al. 2004): VU (Vulnerável).
SPEC
(BirdLife International 2004): 1 (Espécie ameaçada a nível
global).
(Fonte:
Plano Sectorial da Rede Natura 2000 - ICNB)
Fotografias da ave (3cy) observada na Praia de Matosinhos em 22.04.2016.
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