terça-feira, 30 de outubro de 2018

France Gulls

Gaivotas de França (Ilha de Ré)


2015/10/20 - Porto de Leixões


Quem faz regularmente a observação de gaivotas com anilhas coloridas, acaba por ficar ligado à história de algumas aves pelo registo do avistamento sistemático ao longo dos anos.
Pois, é de uma das aves francesas, registadas mais vezes em Matosinhos, que hoje vamos conhecer algo da história da sua vida.
Trata-se de uma Gaivota-d’asa-escura (Larus fuscus) anilhada, já adulta, em 01/06/2011 na Ilha de Ré.

2016/01/09 - Praia de Matosinhos

A Ilha de Ré é uma ilha costeira francesa situada no Oceano Atlântico, com 30 km de comprimento por 5 km de largura e está ligada ao continente por uma ponte com 3 km de extensão que faz a ligação à cidade de La Rochelle.

Gerida pela LPO na Ilha de Ré, a Reserva Natural Nacional Lilleau des Niges  acolhe todos os anos milhares de aves migratórias ou sedentárias. 

É neste ambiente protegido que o Projecto se desenvolve para melhorar o conhecimento ornitológico e naturalista na Ilha de Ré.
No caso particular das gaivotas e com vista ao estudo e gestão da população desta espécie na Ilha, as aves são marcadas com uma anilha de cor branca com um código alfa-numérico iniciado com a letra “R:”.

2017/10/02 - Praia de Matosinhos

Vejamos então o espaço geográfico onde vive esta ave:

Quadro migratório
ANO
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Registos
2011





ring

3
1
1
5

11
2012










3

3
2013










1

1
2014




1







1
2015
1







6
5
2
1
15
2016







1
3
5
1

10
2017



1
1
1


1
2
2
1
9
2018







1
1
1


3

53
França
Galiza
Marrocos
Portugal

Observadores: 


Em França: Julien Gernigon; Léo Reuzé; Quentin Lelièvre
Na Galiza: Antonio Gutierrez; Francisco Giron Veiga
Em Marrocos: Peter Rock; Paul Veron; Lorentzen Nils Helge
Em Portugal: Malcolm Millais; Tim van Nus; José Vidal; Peter Rock; Inocêncio Oliveira;
José Verbeek; Fred Cottaar; Armando Mota; Bernd Halterlein; Luís Mota; José Marques



Curiosidades migratórias:

- Apenas existem registos em Portugal entre Agosto e Dezembro;
- Os registos em França são todos na zona da colónia de reprodução na Reserva Natural na Ilha de Ré;
- Exceptuando o registo em Marrocos, não existem locais com registos de avistamento desta ave entre Janeiro e Março;
- Dos 43 registos em Portugal, apenas um é fora da zona do Grande Porto (06/12/2017-Paramos beach, Paramos,Aveiro,Portugal – Luís Mota);
- Os registos (3) no Norte da Península Ibérica (Galiza) nos dias 14,15 e 16/08/2011 são os únicos pontos de passagem conhecidos da viagem para Portugal, assim como o registo a Sul do Grande Porto no dia 6/12/2017 em Paramos Aveiro, é também o único ponto de passagem, que é conhecido na provável viagem regular para África;
- Os registos existentes, dão indícios de que esta gaivota permanece toda a época de reprodução na colónia na Ilha de Ré. Findo o período reprodutivo imigra para a zona do Grande Porto (Matosinhos e Estuário do Rio Douro). A inexistência de registos nos primeiros meses do ano podem indiciar também que ela passe este período na costa ocidental africana(?).
Se tem instalado no seu computador o Google Earth, pode acompanhar AQUI  os locais de passagem e percurso migratório (conhecido) desta gaivota.


Agradecimento:
Ao Julien Gernigon (Técnico LPO na Ilha de Ré) pela informação recebida sobre esta ave.

2018/09/03 - Praia de Matosinhos





sábado, 20 de outubro de 2018

Iberian Gulls - Galiza

Gaivotas Ibéricas - Galiza
2018-Larus michahellis - anilha G[ZB9H]


A Gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis) nidifica principalmente nas costas da Península Ibérica e de França, nas ilhas da Macaronésia, no Mediterrâneo e no Mar Negro.
Embora se saiba que juvenis anilhados nas Ilhas Berlengas foram observadas no Reino Unido, no norte de França, no sul de Espanha e em Marrocos e que já registei em Matosinhos juvenis anilhados em Ceuta, em geral, a maior parte da população é bastante sedentária com movimentos dispersivos relativamente curtos.
A provar a tendência natural da espécie, temos a história de 15 anos de vida da gaivota que serve aqui de tema.
Esta gaivota foi anilhada, já adulta, na colónia da Ilha de Monte Agudo no arquipélago das Ilhas Cíes, situadas praticamente à saída da Ria de Vigo, por uma equipe da Universidade de Vigo, no dia 4 de Junho de 2003.
Ilhas Cíes>Matosinhos = 118 kms

Como se pode verificar no mapa o movimento migratório conhecido desta ave, resume-se a 118 kms entre o arquipélago das Ilhas Cíes e Matosinhos.

Quadro migratório

ANO
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
2003





ring






2004












2005












2006












2007












2008












2009












2010












2011












2012












2013












2014












2015












2016












2017












2018













Matosinhos
 Galiza
 Matosinhos
















Curiosidades:

- A analise do “quadro migratório” parece conclusiva; durante o período reprodutivo, de Abril a Agosto, está na Galiza e a outra parte do ano em Matosinhos.
 Existem 37 registos de observação, assim distribuídos:
. Ilha de Monte Agudo, Cies, Vigo Galiza (SP) - 7
. A Ramalhosa, Baiona, Galiza (SP) – 1
. Praia de Arealoura, Nigran, Galiza (SP) – 3
. Concelho de Matosinhos (PT) – 26

- Como durante a época de reprodução ela está sempre na Galiza, podemos deduzir, com alguma segurança, que nasceu no local onde foi anilhada.

- Dado que esta ave foi anilhada em 2003, já adulta (+4 anos), no mínimo, este individuo terá 19 anos.
 
2017-Larus michahellis - anilha G[ZB9H]
Observadores:
Na Galiza – César Vidal, Jorge Mouriño, Xabier Varela, Manolo Alonso, Pablo Covelo
Em Portugal - Harry Vercruijsse, Peter Rock, Malcolm Millais, C.Damiam Romai, Atocha Ramos, Arnold Gronert, Alberto Pastoriza, Tim van Nus, Inocêncio Oliveira, José Marques, Ansier Aldalur

2015-Larus michahellis - anilha G[ZB9H]
Agradecimento:
A Jorge Mouriño da Arcea Xestión de Recursos Naturais pela informação sobre o histórico desta ave.